TEC
Teatro Experimental de Cascais
OS SALTIMBANCOS
de Chico Buarque
TEC Teatro Experimental de Cascais
138ª produção | 2013
OS
SALTIMBANCOS
de
Chico Buarque
versão
e dramaturgia Miguel Graça
encenação
Carlos Avilez
cenografia
e figurinos Fernando Alvarez
orquestração
e direcção musical Maestro Hugo Neves Reis e Pedro F.
Sousa
coreografia
Natasha Tchitcherova
direcção
coro infantil Jorge Vasconcelos
produção
e comunicação Elsa Barão
direcção
de montagem Manuel Amorim
contra-regra
e montagem Rui Casares
assistência
de ensaios e operação técnica Jorge Saraiva
fotografias Alfredo Matos
secretariado
Inácia Marques
interpretação António Marques, David Esteves, Elsa Gama, Fernanda Neves, Filipe Abreu, Gonçalo Romão, Paula Sá, Paulo B., Pedro Caeiro, Raquel Oliveira, Renato Pino, Salomé Duarte, Sérgio Silva, Teresa Côrte-Real
e Andreza Silva, Adelina Costa, Beatriz Esteves, João Có, Márcia Santos, Nalbertino Tigna,
Suely Gonçalves, Tânia Cardoso, Iara Delgado, Érica Silva, Miriam Fura
distribuição
O Jumento António Marques
O Cachorro Pedro Caeiro
A Galinha Teresa
Côrte-real
A Gata Paula Sá
Os Patrões Elsa Gama,
Fernanda Neves, Jorge Vasconcelos, Paulo B., Renato Pino, Salomé
Duarte, Sérgio Silva
Clowns David
Esteves, Filipe Abreu, Gonçalo Romão, Raquel Oliveira
Coro Andreza
Silva, Adelina Costa, Beatriz Esteves, João Có, Márcia Santos,
Nalbertino Tigna, Suely Gonçalves, Tânia Cardoso, Iara
Delgado, Érica Silva, Miriam Fura
produção Teatro Experimental de Cascais em parceria com Santa Casa da Misericórdia de Cascais | ATL da Galiza
O TRIUNFO DOS PORCOS
Em
1976, Chico Buarque descobriu numa viagem a Itália o disco I
Musicanti, de Sergio Bardotti
e Luiz Enríquez Bacalov, um musical infantil que adaptava o conto Os
Músicos de Bremen dos Irmãos
Grimm para a companhia musical Ricchi
& Poveri, de onde resultou
um espectáculo que passou despercebido ao público italiano. Apesar
disso, um ano depois, Chico Buarque adaptou as letras de Bardotti
para o português do Brasil e lançou Os Saltimbancos, com Miúcha
(Galinha), Nara Leão (Gata), Magro (Jumento) e Ruy (Cachorro), os
dois últimos membros da célebre banda MPB4. No mesmo ano estreou o
espectáculo no Rio de Janeiro, no teatro Canecão, vencedor de
vários prémios, com Marieta Severo (Gata), Miúcha (Galinha), Pedro
Paulo Rangel (Cachorro) e Grande Otelo (Jumento), que conheceu um
enorme sucesso entre público e crítica, tornando-se rapidamente
numa referência cultural incontornável, tanto para os mais novos
como para os mais velhos.
De
facto, se a peça é na sua essência um musical infantil, a verdade
é que tem uma marcada leitura política que, de resto, já está
presente no conto original dos Irmãos Grimm, uma vez que Bremen era
um símbolo da liberdade do indíviduo por oposição a outras
cidades ainda tuteladas pelo feudalismo. Se com a adaptação de
Bardotti a história ganha um cunho mais metafórico, em que o
Jumento é um intelectual capaz de juntar os outros em seu redor, o
Cachorro um militar obediente, a Galinha uma operária e a Gata uma
artista, foi com Chico Buarque que essa marca política mais veio ao
de cima, principalmente pela aproximação das personagens a uma
linguagem quotidiana e à situação que se vivia na altura no
Brasil: a Ditadura Militar.
Hoje
não vivemos numa ditadura, podemos exercer o nosso direito de voto e
temos como adquirida a liberdade de expressão. Mas vivemos num país
e numa Europa em que os cidadãos são vistos como um meio imediato
para resolver uma crise financeira e económica causada pela banca e
pela especulação com o consentimento ou inépcia dos governantes.
Em
Portugal, criou-se um sistema exclusivamente partidário mas os
partidos oferecem soluções eleitorais e não estruturais; a
sociedade é democrática mas os deputados estão obrigados a uma
disciplina de voto; acreditamos no direito de escolha mas impomos
limites de mandatos porque o poder corrompe e o povo não tem
capacidade de o perceber.
É
um mundo contraditório, cheio de idealismos que esbarram contra o
muro da realidade. Vivemos um tempo excepcional, de mudança. Estamos
à beira de uma nova construção da sociedade. De um lado temos um
modelo económico que defende a austeridade, do outro um crescimento
descontrolado da dívida pública: ambos estão do lado dos mesmo
interesses, que não são os nossos. Pelo meio, esquecemo-nos que não
decidimos nada e que são outros que decidem por nós. Esquecemo-nos
que «todos juntos, somos fortes» e que os "barões" devem ser
derrubados não só porque nos oprimem, mas porque há uma geração
que vem depois de nós - e se eles têm o direito de não nascer
escravos, nós temos o dever de não permitir que isso aconteça.
Mas
o que é que estamos dispostos a fazer para que isso não aconteça?
M/6 anos
13
NOV. a 29
DEZ. 2013
Qui. a Sáb. às 21h30 | Sáb. e Dom. às 16h00
Teatro Municipal Mirita Casimiro
Av. Fausto de Figueiredo, Estoril
Fotografias
© Alfredo Matos
Materiais de Divulgação