TEC
Teatro Experimental de Cascais
MAR
de
Miguel Torga
TEC Teatro Experimental de Cascais
5ª produção | 1966
MAR
de
Miguel Torga
encenação
Carlos Avilez
realização
plástica Mestre Almada Negreiros
luminotecnia
Manuel Miranda e Domingos Lourenço
sonoplastia
Fernando Pires
fotografias Leonel Lourenço
com António Feio, Fernanda Coimbra,
Filipe La Féria, Glicínia Quartin, João Coimbra,
João Vasco, Luísa Neto, Manuel Cavaco, Marília Costa, Mirita Casimiro, Rui
Anjos, Santos Manuel,
Serge Farkas, Zita Duarte
(...) O espírito de Torga não é só o
que está nos textos, não é só o verbo que se fez obra, como
corpo, como terra, como língua, como pátria. Quando o poeta morreu,
quando o seu caixão baixava à cova no cemitério de S. Martinho /
Agarêz, eu disse que era um pedaço de Portugal que estava a ser
enterrado. Talvez o que procuro sempre que volto a Torga seja esse
pedaço de Portugal ressuscitado, esse espírito de fidelidade à
raiz, esse modo inconfundível de ser do mundo sem trair o berço e
de ser tanto mais universal quanto mais coerentemente e profundamente
português.
BIOGRAFIA
Sonho,
mas não parece.
Nem
quero que pareça.
É
por dentro que eu gosto que aconteça
A
minha vida.
Íntima,
funda, como um sentimento
De
que se tem pudor.
Vulcão
de exterior
Tão
apagado,
Que
um pastor
Possa
sobre ele apascentar o gado.
Mas
os versos, depois,
Frutos
do sonho e dessa mesma vida
É
quase à queima-roupa que os atiro
Contra
a serenidade de quem passa.
Então,
já não sou eu que testemunho
A
graça
Da
poesia:
É
ela, prisioneira,
Que,
vendo a porta da prisão aberta,
Como
chispa que salta da fogueira
Numa
agressiva fúria se liberta.
Estreia 5 de MAIO de 1966
Teatro
Gil Vicente - Cascais
Fotografias
© Leonel Lourenço