TEC
Teatro Experimental de Cascais
ATIREM-SE AO AR
de António Torrado
TEC Teatro Experimental de Cascais
142ª produção | 2014 - 2015
ATIREM-SE AO AR
de António Torrado
versão cénica Miguel Graça
encenação | desenho de luz Pedro Caeiro
cenografia | figurinos Fernando Alvarez
cartaz | música | som Gonçalo Alegria
fotografias Ricardo Rodrigues
direcção de montagem Manuel Amorim
contra-regra e montagem Rui Casares
assistência de produção Gonçalo Romão
assistência de ensaios | operação de luz Jorge Saraiva
mestra de guarda-roupa Rosário Balbi
secretariado Inácia Marques
assistência ao espectáculo David Balbi | José Miguel Henriques | Pedro Russo
interpretação Bruno Ambrósio, Bruno Bernardo, David Esteves, Filipe Abreu, Gonçalo Alegria,
João Cachola, José Condessa, Marta Correia, Raquel Oliveira, Sérgio Silva
distribuição
Aluno Bruno Ambrósio
Patacho Bruno Bernardo
Professor David Esteves
Sacadura Cabral
Filipe Abreu
Locutor de Rádio
Gonçalo Alegria
Doutor Hélio
João Cachola
Aluno
José Condessa
Aluna Marta Correia
Beatriz Costa
Raquel Oliveira
Gago Coutinho
Sérgio Silva
«Mas, meu Comandante, isto é uma peça infantil!»
Foi também uma realidade nova aquela que Gago Coutinho e Sacadura Cabral trouxeram ao mundo em 1922. É difícil para nós hoje, tão habituados ao progresso científico, capazes de ter a informação do mundo na palma da mão (e com GPS, para não nos perdermos) imaginarmos o que seria atravessar o Atlântico Sul num pequeno hidroavião, confiando mais nas capacidades de piloto e navegador do que propriamente na fiabilidade do aparelho, sem ver terra nem a luz do dia quando caía a noite, num total de quase setenta horas de voo entre Lisboa e Rio de Janeiro. O feito destes dois aeronautas invoca os Descobrimentos marítimos do passado e a exploração espacial do futuro. Quando a crise financeira e económica e os conflitos religiosos e políticos preenchem o nosso quotidiano, é bom recordarmos que existiram homens destes, não só exemplos de coragem, mas sobretudo um paradigma daquilo que o Homem, quando foi Homem, sempre quis ser, alguém capaz de controlar o próprio destino, inimigo do desconhecido, capaz de ir sempre mais longe.
Uma brincadeira de crianças efectuada por adultos, talvez seja isso o teatro. O brincar ao "faz-de-conta", a mimesis inconsciente que move os jogos teatrais das crianças, é neste espectáculo explorado numa mise-en-abyme que, não sendo novidade, continua a ser uma afirmação de que a arte, quando é arte, deve questionar-se quanto ao seu sentido e valor e não apenas expor um produto acabado, uma tese. E foi assim que a peça original de Torrado se deslocou de uma esfera infanto-juvenil para um espaço de reflexão sobre o que é o Teatro e, por consequência, a representação: uma peça dentro de uma peça dentro de outra, ou um actor que representa uma personagem que representa outra e ainda outra. Brinca-se ao teatro, joga-se ao "faz-de-conta", mas atrás dessa leveza esconde-se uma espécie de amargura onde a identidade do eu não só é posta em causa, como é suplantada pelo outro, mais forte pela sua condição, e que apesar da ausência marca presença de início ao fim. De certa forma, invoca-se uma inversão de Godot (ainda o fantasma da dramaturgia contemporânea), se Vladimir e Estragon não conseguem sair de onde estão, as personagens deste Atirem-se ao Ar não têm para onde ir, e por isso inventam uma nova realidade.
Miguel Graça
M/6 anos
agradecimentos Elsa Barão, Fátima Meireles, Hugo Neves Reis, Gonçalo Melo, Isabel Villares, Nuno Silva Parrudo, Rita Carrêlo, Vanessa
20 | 21 | 27 | 28 DEZ. 2014
Sáb. e Dom. às 16h00
3 a 18 JAN. 2015
Sex. e Sáb. às 21h30
Sáb. e Dom. às 16h00
Teatro Municipal Mirita Casimiro
Av. Fausto de Figueiredo, Estoril
Fotografias
© Ricardo Rodrigues
Materiais de Divulgação